Com a chegada da primavera, Santa Maria floresce no campo e nas estufas

Com a chegada da primavera, Santa Maria floresce no campo e nas estufas

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Batista é um dos produtores que vê o movimento crescer com a chegada da primavera

​​​​​​​​A primavera começa nesta segunda-feira (23), trazendo mais cores para ruas, praças e jardins e também mais movimento para quem vive da produção de flores em Santa Maria. Para os produtores locais, a nova estação representa o início da temporada mais forte de vendas. Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural, entre cultivo a campo e protegido, a floricultura ocupa 8.625 m² no município, aproximadamente 9% do total de áreas de cultivo.

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Um dos exemplos é o Viveiro Beija Flor, de Ailton Alessandro Nunes Batista, 52 anos, localizado no Bairro Caturrita. Há cerca de 20 anos, ele cultiva flores e hortaliças, comercializando em casa, em agropecuárias e em feiras, como as da Praça Saldanha Marinho, da Praça da Municipalidade e do projeto ligado à Comunidade Esperança. 

Ele é um dos produtores inscritos no Pró Flores, programa municipal voltado à floricultura, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural. A iniciativa busca ampliar a participação do setor na matriz produtiva de Santa Maria, fortalecer o comércio local e gerar renda para os agricultores. Para participar, os produtores devem aderir por meio da Secretaria e receber um projeto técnico de viabilidade para suas propriedades. Para Ailton, o serviço é “bem gratificante”.

Ailton participa diariamente das feiras de Santa Maria, exceto aos domingosFoto: Vinicius Becker (Diário)


Hoje, sua propriedade abriga mais de 10 mil mudinhas, entre flores, hortaliças e folhagens. As vendas variam conforme o clima. Em períodos de geada ou chuva forte, a procura diminui, mas basta o sol aparecer para a clientela voltar. Durante o verão, os meses de janeiro e fevereiro registram queda no movimento, enquanto setembro, outubro e novembro marcam o auge das vendas, com novembro sendo o período mais forte.

Na primavera, o aumento da procura é automático, como ele mesmo descreve:

— Chegou a primavera, o pessoal já pensa em enfeitar o jardim. Parece que já é automático: as pessoas se interessam mais, ajeitam a área, plantam um vasinho ou uma floreadinha. Em dezembro, muita gente ainda procura para deixar bonito para o Natal.

Segundo ele, as vendas crescem em torno de 30% em relação ao normal nesse período.

Flores que marcam a estação

No inverno, o produtor se dedica ao amor-perfeito, sua preferida nessa época. Com a chegada da primavera e do verão, a aposta muda para espécies resistentes ao calor de até 40 °C: onze-horas, tagetes e clavinas.

A onze-horas é a campeã de vendas no verão, indicada para jardins e canteiros. Existem dois tipos principais: a dobrada, menor e de flor dupla, e a gigante, de flores graúdas e coloridas em branco, vermelho, rosa ou tons mesclados. O nome vem do hábito de abrir por volta das 11h, embora em dias quentes floresça antes.

A Onze-horas é a mais vendida nos meses de calorFoto: Vinicius Becker (Diário)

Outra espécie bastante procurada é a pervinca, também resistente ao sol forte. Ambas são recomendadas para quem busca plantas de fácil manejo: basta regar uma vez ao dia ou até a cada dois dias. 


As pervincas também são bem procuradasFoto: Vinicus Becker (Diário)

Ailton ainda produz suculentas, cactos e folhagens, que mantêm boa saída o ano todo.

Foto: Vinicius Becker (Diário)


Hortaliças e temperos

Além das flores, o produtor cultiva tomate, pimentão, cebolinha, alecrim, arruda, hortelã, sálvia, couve e berinjela. Ele percebe maior interesse por alimentos que possam ser cultivados em casa, com um melhor valor nutricional:

— Pessoal gosta de comer um produtinho sem agrotóxico. Então, planta uns quatro, cinco pezinhos de tomate no cantinho lá no pátio e colhe uma verdura com outro gosto, né?

Foto: Vinicius Becker (Diário)



Flores para Todos

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Outra referência na floricultura local é Milton Cauzzo, 63 anos, de Arroio Grande. Produtor há quase 40 anos, ele cultiva flores e hortifrúti e foi um dos pioneiros a participar do projeto Flores para Todos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A iniciativa, coordenada nacionalmente pelo professor Nereu Augusto Streck, do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais (CCR) nasceu no primeiro semestre de 2018 e, atualmente, concluiu sua 15ª fase. Só nesta etapa, iniciada em março de 2025, participaram 58 famílias rurais e 18 escolas do campo, em 78 municípios de oito estados. Desde o início, o programa já envolveu 404 famílias e 71 escolas, distribuídas em 221 municípios de 21 estados e do Distrito Federal.


 Produção escalonada

Gladíolos são comercializados no Dia de Finados


Na propriedade de Milton, a produção inclui estátice (sequinha), gladíolos e girassóis, além de tomates, salsa, rúcula, alface, couve e temperos. Ele mantém cerca de 8 mil pés de gladíolos e 9 mil de estátices, cultivados de forma escalonada para atender ao pico do Dia de Finados.

O produtor conta que a experiência com o projeto da UFSM foi uma via de mão dupla:

— Eu já tinha experiência, eles aprenderam comigo e eu aprendi com eles. Um ajudava o outro.

A venda é feita em feiras, floriculturas e também direto de casa. O estátice tem destaque por poder ser seco e preservado de um ano para o outro, muito usado em arranjos de flores secas.

Conhecida como sequinha, a estátice é uma das apostas por sua durabilidade e uso em arranjos secosFoto: Vinicius Becker (Diário)


 Datas e desafios

​O plantio de gladíolos e estátices ocorre em torno de 20 de julho. A colheita começa em 20 de outubro, garantindo oferta para Finados; já os Gadíolos são colhidos com dois ou três botões abertos e armazenados em câmaras frias, durando até 10 dias;. O estatis não precisa de refrigeração, podendo ser seco naturalmente.

Além do calendário, Milton lida com desafios como a alta nos insumos: o bulbo de gladíolo passou de R$ 0,60 em 2024 para R$ 1,30 em 2025. O clima também trouxe prejuízos: chuvas intensas podem causar perda de até 80% dos gladíolos, e geadas fora de época já destruíram cerca de 2 mil mudas de tomate em setembro.

Mesmo assim, não há chance de abandonar a produção:

— Eu sempre gostei dessa lida. Se não gostasse, eu não estava até hoje. É bonito ver o trabalho finalizado. Muita gente vem só para tirar fotos.


Foto: Vinicius Becker (Diário)


Variedades e preços

  • Gladíolos: vermelho, branco, amarelo, lilás e rosa (os mais procurados são vermelho e branco). Preço: cerca de R$ 5 a unidade ou R$ 60 a dúzia.
  • Estatis: em torno de R$ 8 a R$ 10 por maço no atacado, podendo chegar a R$ 20 no varejo em datas como Finados.



Flores em Santa Maria

Cultivo a campo

  • Área total: 90.833 m²
  • Flores: 6.190 m²
  • Flores representam 6,8% de tudo o que é cultivado a céu aberto em Santa Maria.


Cultivo protegido (estufas, casas de vegetação)

  • Área total: 4.552 m²
  • Flores: 2.435 m²
  • Flores ocupam 53,5% da área protegida, ou seja, mais da metade.


Somando os dois tipos de cultivo

  • Área total: 95.385 m²
  • Flores: 8.625 m²
  • No geral, as flores representam 9% de toda a área cultivada do município.

Enquanto a produção a campo destina cerca de 6,8% da sua área a flores, os cultivos protegidos reservam 53,5% do espaço para espécies florais. No total, são: 8.625 m² voltados à floricultura no município.

Na contagem da floricultura local, as estufas se destacam: de 4.552 m² em cultivo protegido, 2.435 m² (mais de 53%) são flores. Somando-se o cultivo a campo, a cidade tem 8.625 m² de produção floral.Foto: Vinicius Becker (Diário)


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